XANGÔ: LEI, JUSTIÇA E EQUILÍBRIO
(Luiz de Miranda - Pai no Santo)
No “Batuque” do Rio Grande do Sul, no “Xambá” de Pernambuco, nos Candomblés da Bahia, do Rio de Janeiro, Cuba e África; no “Tambor de Mina” do Maranhão e em todos os Terreiros de Umbanda, no Brasil e no mundo, o título de rei, cabe ao Orixá da justiça e do equilíbrio: XANGÔ!
A figura de Xangô no Brasil, além de representar a justiça; a virtude e o equilíbrio; tem também papel essencial na reconstrução, conquistas e manutenção dos direitos assegurados a cultura negra-africana em nosso país.
Manifestação do Divino, Xangô representa a figura do rei, manifestando através de sua força, o senso da justiça, do bem comum, da igualdade e lealdade. Tem como princípio, auxiliar a nós todos, no equilíbrio de nossas emoções e instintos primitivos, a fim de que possamos adquirir posturas mais sensatas e racionais. Afinal, é dado ao homem através do livre arbítrio, a oportunidade da sua evolução espiritual, que é conseguida com o exercício diário da soberania da razão sobre seus instintos e emoções primitivos. A racionalidade, faz com que consigamos o equilíbrio de nossas emoções; passamos a ter um conhecimento mais claro das Leis que nos regem; conseguindo discernir o certo do errado. Xangô é a própria Lei Divina, por excelência; Lei essa, que não é cega e nem falível; pois é aplicada de acordo com o grau de conhecimento de cada um. Ou seja: quem mais sabe; mais é responsável por seus atos. Errar não é humano: errar é uma fraqueza de caráter ou falta de conhecimento da razão, da ética e dos valores espirituais que regem a vida.
Quem consegue aprender e absorver os ensinamentos de Xangô, passam a ter o equilíbrio da Lei. Logo, desenvolvem uma fé inquebrantável, um senso de justiça apurado e um entendimento da ética e dos valores espirituais. E assim, tudo em suas vidas é pesado, pensado, questionado e julgado; só então é realizado!
Pessoas que se sacrificam em benefício dos outros, sem cobrarem nada em troca; se esforçam para serem bons chefes de família; amigos leais e companheiros; filhos gratos e dedicados; estão sempre prontas a servir à sua comunidade no trabalho do bem e da igualdade; dedicados a religião, buscando sempre oferecer conforto e consolo espiritual; são pessoas que conseguiram desenvolver e abraçar os fundamentos e o equilíbrio da Lei.
No entanto, as pessoas que não conseguiram desenvolver o senso da justiça, e, permanecem no estado instintivo e emocional primitivos (emotividade); vivem numa busca insaciável da satisfação pessoal, não se importando a quem possa ferir ou prejudicar. São egocêntricos, orgulhosos, pretensiosos, arrogantes e ambiciosos. Estão sempre se sentindo injustiçadas ou preteridas, quando suas vontades ou expectativas não são atendidas. São pessoas intolerantes com todos que contrariem suas opiniões ou critiquem seus feitos. A emotividade traz graves consequências para nós; pois faz com que nos sintamos injustiçados, abandonados, traídos ou menosprezados.
Precisamos estar sempre atentos ao nosso senso de justiça e o controle de nossas emoções. Com muita paciência, dedicação, estudos e trabalhos no bem, devemos investir dia a dia, minuto a minuto, no conhecimento da sensatez, razão e equilíbrio. Caso contrário, seremos pessoas tomadas pelo egoísmo, desejo de vingança, intransigência e intolerância.
Reconhecemos no Orixá da justiça, a sua realeza, quando atua com veemência no campo da razão, despertando em nós todos a busca do equilíbrio e da imparcialidade; trazendo à luz de nossas consciências os reais valores da vida.
Tudo nasce em Deus e se espalha através de Seus Orixás. Xangô sempre foi evocado como pedra, pois estas, desde sempre, têm grande significado nas edificações morais e materiais da raça humana. Desde as grandes construções milenares, até os dias de hoje, a pedra tem forte significado.
Pai Xangô é a pedra ancestral; é quem está presente em todos os corpos celestes. O Senhor dos astros!
O machado de pedras com duas asas, denominado Oxé, simboliza Xangô e sua realeza. Através dele, Xangô controla os astros e faz justiça!
Xangô é o fogo, chama da Justiça Divina; corta o céu, transforma, protege e ilumina. O fogo da revolução da raça humana, obtido através da fricção nas pedras. O fogo que garantiu e garante até os dias de hoje, a sobrevivência dos seres e suas espécies, seja pelo calor das pedras, seja pelo calor das chamas.
Cultuar Xangô é olhar pra nós mesmos, sem culpas, remorsos ou medos. É olhar para as possibilidades de sermos melhores a cada dia; é perceber que quando nos permanecemos unidos como pedras que formam um alicerce de uma construção, somos fortes. E assim, estaremos protegidos e seguros contra aqueles que não se alegram com nossa alegria.
VIVA O REI!!!!
Fontes:
Vilson Caetano de Souza Junior – Antropólogo
Manual Doutrinário Lurdes de Campos Vieira
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