(Luiz de Miranda - Pai no santo)
Quando se busca fazer uma pesquisa sobre a antiguidade, no que diz respeito ao surgimento da humanidade, suas descobertas, conflitos, vamos nos deparar com as histórias das civilizações grega e romana. É de se estranhar que quase nada é falado sobre as civilizações da antiguidade que se desenvolveram na África. Por exemplo: sabe-se comprovadamente que entre os séculos V e II a.C, na região chamada África subsaariana, há algum tempo chamada de África negra por europeus e árabes, e que corresponde a uma parte do continente africano situado ao sul do deserto de Saara, viviam a Idade do Ferro. Seus habitantes, à época, forjavam armas, ferramentas e utensílios de ferro, metal que ainda não era conhecido por outras civilizações. Ou se era, não sabiam como forjá-lo.
Na região da atual Nigéria, entre os anos 100 e 300 a.C, uma das culturas que fazem parte da antiguidade no continente africano, é a Nok, que favoreceu enormes transformações com o advento do ferro, produzindo armas mais resistentes, como lanças de ferro, pontas de flecha, facões, espadas, picaretas, machados, pá e a faca.
Sendo assim, os povos que adquiriram o conhecimento da metalurgia do ferro, acabaram por adquirir mais poder sobre aqueles que desconheciam essa prática. E esse conhecimento favoreceu a expansão de seus territórios.
Até aqui, é o que encontramos de registros sobre a descoberta do ferro no continente africano. E isso nos ajuda a compreender melhor a natureza do Orixá Ogum e sua atuação para a melhoria na vida dos habitantes do planeta Terra. De acordo com a mitologia africana Ogum foi o primeiro Orixá a vir do orun (céu) para o ayé (Terra), com a responsabilidade de trazer os ensinamentos da forja de ferro e aço aos homens. E isso acontece em solo africano, berço da humanidade. Se nos anos 100 e 300 a.C., o homem já forjava o ferro, é porque Ogum já deixara em seus descendentes tal inspiração, através da consciência ancestral. Ogum trouxe o progresso para a humanidade, estabeleceu limites entre territórios e culturas, ensinou a ordem e a disciplina como alvos a serem alcançados para o bem-viver em sociedade. Ogum salvou a humanidade da fome e da escassez de alimentos. Ogum jamais será esquecido!
No sangue que corre nas veias dos humanos, Ogum se faz presente nos átomos de ferro. Todos devem obediência e respeito a Ogum!
Ogum é o senhor da tecnologia, guiando o homem à modernidade. Ogum atravessa os séculos se renovando e trazendo o progresso. Ogum nunca para! Onde todos pensam em desistir, Ogum insiste, persiste e vence!
Quem tem Ogum em sua companhia não teme mal algum, pois é o mal quem teme a Ogum!
“Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa. Era necessário plantar uma área maior. Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área da lavoura. Ossaim, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossaim, todos os outros orixás tentaram um por um e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio. Ogum, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros orixás tinham fracassado, Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os orixás, admirados, perguntaram a Ogum de que material era feito tão resistente facão. Ogum respondeu que era de ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os orixás invejavam Ogum pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, mas como à caça e até mesmo à guerra. Por muito tempo os orixás importunaram Ogum para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca de que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente. Ogum aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogum pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogum lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram suas lanças de ferro. Mas, apesar de Ogum ter aceitado o comando dos orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. Ogum se decepcionou com os orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los. Então Ogum banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da árvore de acocô e lá permaneceu. Os humanos que receberam de Ogum o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebram a festa de Iudê-Ogum. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogum. Ogum é o senhor do ferro para sempre.”(https://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2010/11/Orix%c3%a1s.pdf)
As terças-feiras, o Umbandista costuma bater cabeça e acender uma vela pra Ogum, agradecendo por suas bênçãos e pedindo proteção.
Se junte você também a essa corrente de luz e proteção: acenda uma vela branca num pires ou castiçal, coloque à frente, um copo com água. Caso queira, pode colocar no prato moedas prateadas de qualquer valor, sementes e grãos (menos feijão preto), uma flor vermelha e ainda uma espada de São Jorge cortada em sete pedaços (representando os sete caminhos da humanidade: conhecimento, sentimento, saúde, prosperidade, família, religião e relacionamento).
Se quiser e puder, tome um banho com abre caminho e São Gonçalinho, do pescoço pra baixo. Pode enxugar o corpo.
Caso não tenha como conseguir as ervas ou grãos, não se preocupe: a vela com o copo com água são elementos suficientes para te fazer entrar em contato com as vibrações do Pai Ogum.
Após acender a vela, faça a seguinte oração:
"Senhor de todos os caminhos, Pai da ordem e da disciplina, Senhor de todos os limites, General da Umbanda. Agradeço pelas vossas bênçãos e peço que nunca me falte forças e serenidade para seguir em meus caminhos rumo à prosperidade. Ogum, ensina-me a usar as ferramentas necessárias para que meus caminhos sejam abertos e meu corpo e alma sejam defendidos de todo mal. Eu te saúdo Ogum, por hoje e sempre! Ogum nhê!"
Após a vela totalmente queimada, despache as ervas e grãos numa terrinha. A água, caso apareçam nela bolinhas de ar (como se fosse água com gás) despache na pia com a torneira ligada. Se no entanto, a água permanecer límpida, pode beber. As moedas, despache na beira de um caminho.
Comments