Falar de Oxum é pedir licença e mergulhar nas águas caudalosas e cristalinas dos rios. É fazer uma viajem de volta ao útero materno e perceber todo amor, cuidado, conforto e proteção que só uma mãe sabe dar. Enquanto Iemanjá recebe todos os seres humanos ao nascer; Oxum é a responsável pela gestação: o maior símbolo de amor à vida.
A água doce, condutora e portadora dos nutrientes essenciais à manutenção da vida é a presença viva de Oxum nos rios, lagos e cachoeiras. O que seria do mundo sem Oxum?
Dona do ouro, inspirou os compositores Vevé Calazans e Gerônimo a criação de uma das mais belas canções baianas. Ambos, buscando inspiração para uma nova música, foram pra praia de Gamaleira em Vera Cruz, Ilha de Itaparica, e de lá olharam para a cidade de Salvador, que na época era iluminada por lâmpadas amarelas que formavam um grande colar dourado, que fez com que Gerônimo, de imediato, formasse a primeira frase da canção: “nessa cidade todo mundo é d’Oxum...”
Oxum é inspiração, beleza, cuidado, zelo.
Oxum está nos detalhes de um bom acabamento de uma roupa, música, construções. Na delicadeza dos gestos, na elegância do simples que faz parecer sofisticado, primoroso, requintado. Talvez por isso alguns escritores e Sacerdotes de Umbanda costumam dizer que Oxum é vaidosa. Não, não é. Oxum é virtuosa, caprichosa, cândida.
O amor de Oxum começa primeiro por ela mesma. Oxum se enfeita pra si: é a Sua imagem que ela contempla no espelho das águas cristalinas de seus rios. Oxum se ama para poder amar. Oxum se doa para receber o amor. Oxum é a lágrima que escorre pelo rosto, levando embora tudo que prende e sufoca.
Oxum é o rio que apesar de seus desafios e obstáculos, segue pertinaz o seu curso.
Seus filhos herdam a capacidade de contornar as dificuldades da vida. É o ouro de Oxum que veste a alma de seus filhos com as bênçãos da superação, do amor-próprio, da autoestima.
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