Sendo a Umbanda a religião de Deus, natural que se agrupem nela Espíritos de todos os lugares, costumes e cultos. Não foi diferente com os Ciganos, um povo perseguido e ultrajado que consegue até hoje, manter vivos seus costumes e crenças. E é, na Umbanda, que muitos desses Ciganos encontraram depois de desencarnados, as condições para continuarem realizando seus trabalhos. Digo muitos, porque nem todos os que desencarnaram ciganos, permaneceram na espiritualidade na mesma condição. Os que permaneceram, receberam a missão de orientar e disciplinar os umbandistas através da lei do amor e do perdão. São hoje muito conhecidos pela sua magia, pelo amor a natureza e suas manifestações, pela manipulação dos quatro elementos: terra, fogo, água e ar. E assim, conseguem levar alento e esperança àqueles que os procuram.
Os valores morais, tais como: respeito, ética, fraternidade e etc., são muito defendidos por essas Entidades que pregam a união da família e o respeito aos antepassados. Quando eles falam na família, não é só na hereditariedade sanguínea, mas, principalmente na Família Universal; entendendo assim, que somos todos irmãos. E é esse espírito de fraternidade, que faz com que possamos viver harmoniosamente com as diferenças dos nossos semelhantes.
Quando encarnados, defendiam a família sanguínea, o clã, a obediência aos mais velhos e o profundo respeito aos antepassados. Agora na espiritualidade, eles entendem que a família se forma, não pelos laços de sangue, mas basicamente pelas afinidades e diferenças. E é com esse pensamento, que os Ciganos trabalham pela união e fortalecimento da nossa religião, sem perderem suas identidades e sem ferirem seus princípios religiosos. E, até porque, religião para os ciganos, é o culto a vida em todas as suas manifestações, sem a necessidade de templos ou igrejas. Onde eles estiverem, sempre levarão magia, alegria e entusiasmo. Como a Umbanda permite tais comportamentos, eles se sentem à vontade, para nos Terreiros, praticarem seus rituais.
Até aqui, falamos dos ciganos genuínos: Entidades que mantêm as características e costumes das suas últimas reencarnações.
Mas, nem todos os ciganos que se apresentam na Umbanda, são ou foram de fato, ciganos. Muitos foram poetas, artesãos, artistas circenses, boêmios, declamadores. Na sua maioria, são espíritos que se agregaram a Falange dos Ciganos por simpatia, afinidade e principalmente pela identificação que têm com esses Espíritos, por conta da vida que levaram aqui na Terra. Ou seja: independente de sua raça ou credo viveram como nômades. Amantes da liberdade estavam sempre em busca de novos lugares, novos conhecimentos e novos amores. Em cada lugar que visitavam, adquiriam novos conhecimentos, experimentavam novas emoções, conheciam novas culturas. Enfim: eram livres para aprenderem e ensinarem.
Ao desencarnarem, passam a aprender sobre como lidar com todo conhecimento que adquiriram na vida material. Esses conhecimentos serão sempre muito úteis nas conversações que tiverem com seus seguidores. Aprendem sobre as magias do povo Cigano, e, depois de um tempo de aprendizagem, iniciam suas preparações para incorporarem.
Na Umbanda, são tratados como Exus-Ciganos, para serem diferenciados dos Ciganos genuínos. No entanto, essa diferenciação em nada diminui suas responsabilidades e compromissos com a religião que abraçaram. Ao contrário, cabe a eles geralmente o papel de protetores e divulgadores da doutrina umbandista.
Tanto os Ciganos como os Exus-Ciganos, não exercem a função de guardiões das Casas que frequentam, mas sim, de protetores e orientadores dos que seguem essas Casas.
A função de guardião é sempre dada aos Exus de Coroa, ou seja: exus que obedecem a vibração de um determinado Orixá e têm por função fazer cumprir a lei deste Orixá. Receberam Deles, a função de guardar e defender os seus cultos, os seus filhos e seus descendentes.
Já os Ciganos ou Exus-Ciganos, na condição de protetores, não ficam presos a um determinado Orixá. Isso não impede de terem uma preferência ou afinidade com uma determinada energia. Conhecemos Exus-Ciganos que gostam de trabalhar com a linha do mar, outros, com a linha das matas e assim por diante.
As festas são de suma importância para estas Entidades. São nessas ocasiões que mostram todo seu axé através dos ‘pontos’ e danças. Roupas coloridas, jóias, lenços, perfumes e flores: tudo isso faz parte de um grande aparato manipulador das mais puras vibrações de alegria e confraternização. Estar diante de várias pessoas, é para essas Entidades um momento único, importante para reforçar os laços de amizade e fraternidade.
Persuasão, ordem, disciplina, propósito, coragem, organização... são muitos do sentimentos e comportamentos que o Povo Cigano nos ensina a exercer.
Amantes da liberdade, nos querem livres e firmes em nossos propósitos.
Salve o Povo Cigano na Umbanda!
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