(Luiz de Miranda - Pai no santo)
A vela tem uma importância crucial na Umbanda: no Congá, nas oferendas, no Ponto Riscado, ao lado do copo com água, nos passes e rezas ela está presente. E não se trata apenas de um adorno. Ela traz consigo muito mais que uma chama, traz energia, a energia de tudo aquilo que nos remonta a descoberta do fogo, com suas histórias, benefícios e consequências.
Para se chegar até a vela, o homem primeiro deparou-se com a descoberta do fogo: “A primeira energia natural utilizada pelo homem de forma intencional foi o fogo. Quando um raio, que anunciava uma tempestade, incendiava uma árvore, o homem pré-histórico não conseguia ainda ter controle sobre ele. Se o fogo adquirido a partir desse episódio se apagasse, era necessário aguardar por outros incêndios para que se pudesse obter fogo novamente. Mas este fogo já o ajudou bastante a cozinhar seu alimento, a iluminar algum lugar na hora desejada, em seu aquecimento e também para se proteger de animais que não se aproximavam do fogo.
A Era do Paleolítico, entre um e dois milhões de anos atrás, foi testemunha da utilização inédita do fogo pelo homem. Nesta época, alguns já moravam em cavernas e vestiam-se com peles de animais, que anteriormente poderiam ter servido como alimento. Desenvolviam linguagem e comunicação, através de desenhos feitos nas paredes das cavernas, que nos ajudaram a entender a importância, para esses povos, da descoberta do fogo.
Entre 1,8 milhões e 300 mil anos atrás, o Homo Erectus*, um ser com o raciocínio mais evoluído, descobriu que se fizesse fricção entre duas pedras, esfregando uma na outra, ele conseguia produzir uma faísca, que se colocada em algum lugar de fácil combustão, pegaria fogo normalmente. Assim ele não precisava mais esperar que o raio caísse em alguma árvore para obter fogo...” (http://www.invivo.fiocruz.br/cienciaetecnologia/o-homem-e-o-fogo/)
(*)o ancestral imediato do homem moderno.
Desde então, muitos homens e mulheres em vários pontos do mundo, foram desenvolvendo técnicas que resultaram na vela que hoje usamos em nossos rituais. Logo, ao firmar uma vela na Umbanda, é reportar-se ao momento onde as trevas deram lugar à luz.
Firmar uma vela é diferente de acender. Quando você acende uma vela, você o faz para iluminar um ambiente, decorar um bolo de aniversário ou uma mesa de jantar. Neste caso, é apenas um objeto feito de parafina e pavio, sem nenhuma função mística ou espiritual para os Umbandistas.
Mas quando você entrega uma vela com seu pedido ou agradecimento a uma Entidade ou Orixá, você está firmando esta vela, ou seja: está consagrando, manifestando nela seu poder místico, que representa o poder do Espírito (chama) sobre o corpo (parafina). Ao derreter sob o calor da chama, o corpo é purificado, renovado, expurgando todas as impurezas que impedem sua evolução. É como um renascer sob as bênçãos daqueles a quem você dirigiu seus pedidos ou agradecimentos. Por isso, é bom observar a borra de parafina que sobra no recipiente que você acendeu sua vela. Em alguns casos, formam desenhos ou símbolos que vão te dizer se seus pedidos foram aceitos, ou se aquilo que estava te atrapalhando, se desfez.
Vejamos alguns exemplos: Não sobra cera: pedido aceito ou mal desfeito.
Sobrou muita cera no recipiente: limpe tudo, descarte no lixo e acenda outra vela. Renove seus pedidos.
Quando a vela chora muito: dificuldade para atender seu pedido. Busque orientação para uma limpeza espiritual.
Quando forma um círculo: ainda precisará de um tempo para seu pedido ser atendido. Confie e aguarde.
Quando a cera fica muito escura: demanda sendo desfeita.
Quando a cera trinca ou quebra o prato: havia uma demanda contra você, mas foi desfeita.
Quando forma tipo uma escada: seus pedidos serão atendidos.
É importante ao firmar uma vela, considerar a qualidade do material e o local onde será acesa. Correntes de ar muito fortes alteram a queima natural da vela.
Evite manter vela de sete dias acesa em ambientes muito fechados, principalmente se tiver criança. E assim, evitar crises alérgicas ou intoxicações.
Acenda sempre sua vela sobre superfícies não inflamáveis.
Se for acender a vela em um prato ou pires, queime antes o fundo da vela para que ela fique bem fixada. Repito: longe de objetos inflamáveis.
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