Na poesia de Mario Cravo, ele esclarece de maneira muito pertinente a figura do Exu: “disseram que eu era o diabo. Não sou diabo nem santo, sou Exu! Muito prazer! Não liguem pra que dizem ao meu respeito, tudo mentira! Quem pode me definir se sou a própria contradição? Nem bom nem ruim, nem quente nem frio, nem sombra nem luz! Mas não se engane, não sou meio-termo. Sou tudo e não sou nada! Ousadia é meu nome. Estou sempre pronto, pra luta ou pra farra. Experimentei o melhor da vida, e gostei! Se me disserem que é impossível, vou e faço. Se me pedir, eu dou. Se me agradecer, eu retribuo. Se me der, eu aceito. Se me negar, eu tomo. Aos meus, ensinei a rir da própria sorte, a ter esperança, a acreditar pra ver. Se a vida vai mal, sambo e esqueço. Se vai bem, sambo e festejo! Já te disse meu nome? Sou Exu! Muito prazer!”.
No Candomblé, exu é conhecido e cultuado como o senhor dos caminhos, o mensageiro dos Orixás, o dono da rua. Sua morada é na encruzilhada, lugar que representa dentro do simbolismo universal, o centro e o lugar de passagem entre os mundos dos homens e dos Orixás. E é exatamente dentro desse simbolismo, que Exu tem a missão de ligar o sagrado ao profano, sendo o Orixá da comunicação e o princípio dinâmico que rege a existência. Na Umbanda, Exu se manifesta através de seus falangeiros, os compadres. Entidades que trabalham sob a sua vibração.
As festas de rua, onde há muita gente, muita bebida e muita alegria, são as suas preferidas. Pois ali a vida está em grande movimento. Uns bebendo pra esquecer, outros pra festejar. Quantos namoros começam nessas festas... Quanta gente se conhece e se tornam grandes amigos... Quantos reencontros... brigas, discussões, reconciliações. Gente trabalhando pra garantir o pão de cada dia, outros gastando o que ganharam com o suor do seu trabalho. Assim é Exu!
Agradar a Exu é a certeza de proteção e êxito em qualquer trabalho nos Terreiros de Umbanda. É ele que conhece as nossas fraquezas e compreende como ninguém os nossos sentimentos. Está em cada um de nós. Vai na nossa frente nos livrando dos riscos e perigos.
O escritor Jorge Amado, conhecia Exu como poucos. E isso fica bem claro no romance Bahia de todos os Santos: “Postado nas encruzilhadas de todos os caminhos, escondido na meia-luz da aurora ou do crepúsculo, na barra da manhã, no cair da tarde, no escuro da noite, Exu guarda sua cidade bem-amada”.
A visão de bem e de mal é muito relativa, na visão de Exu. Pois o que é bom pra um, pode ser ruim para outro. E ainda, o mesmo fogo que ilumina, incendeia.
Exu desconhece o impossível, faz o erro virar acerto e o acerto virar erro.
Existe um ditado iorubá que fala da capacidade de exu, em reinventar o passado: “Exu mata um pássaro ontem com a pedra que atirou hoje”. Ou seja: quando Exu lança uma pedra por trás do ombro e mata o pássaro de ontem, ele nos ensina que podemos nos reinventar todos os dias, corrigindo os erros do passado e construindo um novo destino.
Esse é Exu!!!
Luiz de Miranda – Pai no Santo
Lindo🖤
laroyê exu🎩