Muito se tem para aprender quando se trata do universo da espiritualidade na Umbanda. Já dizia meu Pai de Santo, Sr. Diomedes Pimentel (Tenente):“a Umbanda é um livro sem fim.” Nem todo médium, ou seja: nem toda pessoa que incorpora um Espírito ou Entidade, é necessariamente Umbandista. Ela pode ser simples e unicamente uma médium. Sabedores do dom da mediunidade, buscam tirar todo tipo de proveito, sem nenhum compromisso com os fundamentos da Umbanda, que são luz, amor e caridade. Nestes casos, não faltam falsos profetas, charlatões, e todo tipo de pessoas mal-intencionadas, que tem como único objetivo tirarem vantagens sobre pessoas incautas e desesperadas. Prometem de tudo: dinheiro, amor de volta, vingança, prêmios de loterias, e toda sorte de caprichos materiais: isso não é Umbanda! Não raro, incorporam espíritos sem uma filosofia de vida bem definida, e sempre se apresentam com nomes de Entidades renomadas e conhecidas por seus trabalhos em prol da humanidade. Não são Entidades, porque se as fossem, agiriam de forma e maneira a levar para o consulente orientações acertadas, e não balelas e mentiras como forma de explorar a sua credulidade. É preciso ter muito cuidado em buscar ajuda espiritual com qualquer médium. Nem todo médium é umbandista, portanto, sem nenhum conhecimento sobre as leis que regem as incorporações e trabalhos de atendimento fraternal. Sim, a Umbanda tem regras e fundamentos, não basta incorporar um espírito, é preciso aprender com ele, pra depois poder ensinar.
Nem todo espírito é Entidade: quando se fala em espírito, está se falando naquilo que dá vida ao corpo, a parte imaterial, a alma. Logo, todos temos espírito, tanto as pessoas boas, como as más. Ao desencarnar, nem todos os Espíritos buscam se alinhar com os trabalhadores do bem, na intenção de se livrarem de suas mazelas e mal querências; muitos são os que permanecem nas zonas umbralinas de suas consciências, alimentando o ódio, o desejo de vingança, o despeito, a inveja e todo tipo de sentimentos negativos. Ao perceberem através das ondas cerebrais emanadas por médiuns afins, esses espíritos encontram a oportunidade de incorporarem. Veja que não é uma vontade espontânea do espirito, é um encontro de afins, um chamado, uma ligação forte, que coloca esse espírito em desassossego, até conseguir entrar em contato através da incorporação. São esses os espíritos chamados de quiumbas, zombeteiros, mistificadores ou obsessores.
Já uma Entidade, é um espírito que através do tempo, buscou aprender sobre a evolução da humanidade, suas fraquezas, dificuldades, provações e tudo que interessa para poder auxiliar aos irmãos em desespero de toda ordem. Uma Entidade é um Espírito que alcançou um certo degrau na escala da evolução, tornando-se um orientador e bom conselheiro. Sua incorporação é firme, acertada, sem exageros. São nossos ancestrais, buscando trazer sempre os melhores ensinamentos quando baixam em nossos Terreiros.
Cuide bem de sua mediunidade e de suas Entidades: estude, desenvolva a paciência, a humildade, a empatia, seja assíduo e cumpridor de suas obrigações no Terreiro. Aprenda a olhar o mundo com o olhar das suas Entidades e assim, você estará fazendo um trabalho incrível no campo da sua evolução e de todos que te cercam. Honre seus compromissos, não seja bonzinho: seja bom! Aprenda a dizer não. Não julgue e nem alimente conversas desagradáveis. Não acredite em tudo que assiste na internet, hoje não faltam “conhecedores” da Umbanda. Lembre-se: sua Casa, suas leis.
E nesse processo de autoconhecimento, busque sempre o autoperdão e a serenidade. Deixe o tempo nas mãos das Entidades: elas sabem de onde viemos e para onde vamos!
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