Antonieta de Barros
Educadora e Jornalista, nascida em 11 de julho de 1901, foi a primeira mulher a fazer parte da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Com muita persistência e determinação, Antonieta conseguiu sobrepor as barreiras que impediam as mulheres daquele tempo, principalmente as negras, de conquistarem seus espaços.
Como jornalista, criou e dirigiu em Florianópolis, o jornal A semana, de 1920 até 1927. Nessa mesma década, foi diretora do periódico Vila Ilhoa, também em Florianópolis.
No intercâmbio que conseguiu manter com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, filiou-se, na primeira eleição que as mulheres puderam votar e receber votos, ao Partido Liberal Catarinense, onde foi eleita deputada estadual. Assim, tornou-se a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. Trabalhou incansavelmente pela defesa dos direitos da mulher catarinense.
Como educadora, lecionou em três colégios e fundou o Curso Antonieta de Barros, onde foi diretora até sua morte em 1952.
Mãe Aninha
Eugênia Anna Santos, filha de africanos e preparada no candomblé do engenho Velho – a Casa de Mãe Nassô, fundado por volta de 1830. Já como Ialorixá Obá Biyi, sai para formar sua nova Casa, o Ilê Axé Opô Afonjá, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.
Fez do seu sacerdócio um exemplo de coragem e determinação. Lutou contra todo tipo de preconceitos, para garantir o livre exercício do Candomblé. Tendo como filho no santo o Ministro Osvaldo Aranha, Mãe Aninha influenciou diretamente na promulgação do Decreto Presidencial n° 1202, no primeiro governo de Getulio Vargas, acabando com a proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934.
Morreu em 1938.
Carolina de Jesus
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 14 de março de 1914, numa comunidade rural, de pais negros analfabetos. Carolina era filha ilegítima de um homem casado e foi maltratada durante toda sua infância. Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar seus estudos. Carolina parou de frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever. Mesmo com apenas dois anos de estudo, Carolina desenvolveu gosto pela leitura.
A mãe de Carolina tinha dois filhos ilegítimos, o que ocasionou sua expulsão da Igreja Católica quando ainda era jovem. No entanto, ao longo da vida, ela foi uma católica devota, mesmo nunca tendo sido readmitida na congregação. Em seu diário, Carolina muitas vezes faz referências religiosas.
Em 1937, sua mãe morreu e ela se viu impelida a migrar para a metrópole de São Paulo. Carolina construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Ela saía todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.
Quando encontrava revistas e cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.
Em 1947, aos 33 anos, desempregada e grávida, Carolina instalou-se na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, num momento em que surgiam na cidade as primeiras favelas, cujo contingente de moradores estava em torno de 50 mil. Ao chegar na cidade, conseguiu emprego na casa de Euryclides de Jesus Zerbini, médico precursor da cirurgia de coração no Brasil, que permitia a Carolina ler os livros de sua biblioteca nos dias de folga. Em 1948, engravidou de João José. Teria ainda mais dois filhos: José Carlos e Vera Eunice, nascidos em 1949 e 1953 respectivamente.
Ao mesmo tempo em que trabalhava como catadora de lixo, registrava, apesar de ter cursado apenas as séries iniciais do primário, seu testemunho do cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo, os quais somavam mais de vinte. Um destes cadernos, um diário que havia começado em 1955, deu origem ao seu livro mais famoso, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960.
Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
Teve vários envolvimentos amorosos quando jovem, mas sempre se recusou a casar-se por ter presenciado muitos casos de violência doméstica. Preferiu permanecer solteira. Cada um dos seus três filhos era de um pai diferente, sendo um deles um homem rico e branco. Em seu diário, ela detalha o cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e sociais que via. Ela escreve sobre como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para assim conseguir comida para si e suas famílias.
A obra de Carolina de Jesus, é considerada a literatura das vozes subalternas, inspirando expressões artísticas, como a letra do samba Quarto de despejo, de B. Lobo; o debate sobre o livro Eu te arrespondo, Carolina, de Herculano Neves; a adaptação teatral de Edy Lima e o filme Despertar de um sonho, realizado pela Televisão Alemã, sendo a própria Carolina de Jesus, a protagonista.
A filha de Carolina, Vera Eunice, hoje professora, contou, em entrevista, que sua mãe aspirava a se tornar cantora e atriz.
Carolina Maria de Jesus morreu em 13 de fevereiro de 1977, vítima de insuficiência respiratória.
Mãe Menininha do Gantois
A mais famosa Ialorixá do Brasil, Maria Escolástica da Conceição Nazaré, nasceu em Salvador, em 10 de fevereiro de 1894. Descendente de escravos, ainda criança foi escolhida para ser Ialorixá .
Foi a quarta Ialorixá no Terreiro do Gantois. Iniciada aos 8 anos de idade, assumiu o Terreiro aos 28. Foi uma das personalidades responsáveis pelo término das restrições a cultos impostas pela Lei de Jogos e Costumes de 1930, que condicionava a realização de rituais à autorização policial e limitava o horário de término dos mesmos, as 22h.
Mãe Menininha abriu as portas do Candomblé aos brancos e católicos, favorecendo então, a aceitação pela cultura predominante da época.
Faleceu aos 92 anos de idade.
Fontes de pesquisa:
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