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ibeji, Erê, Criança: quem são?

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda
duas estátuas e duas crianças representando o orixá Ibeji

IBEJI :

O nome Ibeji significa nascer em dois: Ib= nascer. Eji= dois.

Na Umbanda Ibeji é conhecido como Orixá-Criança, duas divindades gêmeas que representam o princípio da dualidade. Protetoras das crianças desde o nascimento até a adolescência. Abençoam os partos, os lares, trazendo saúde e prosperidade. Agradar a Ibeji é a certeza de uma vida plena na felicidade, pois mesmo diante das piores dificuldades, são essas divindades que nos ensinam o exercício da esperança e da fé. Estão relacionados a tudo que brota, que se inicia: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas ... Sabe-se na Umbanda a grande importância de Ibeji em seus rituais, que ocorrem sempre no dia 27 de setembro, onde os médiuns dão incorporação às ‘Crianças’: Neste dia, é farta a distribuição de doces, brinquedos e todo tipo de guloseimas. São as ‘Crianças de Umbanda’ que asseguram aos seus médiuns e aos Terreiros, as bênçãos de Ibeji. É sempre importante lembrar que este Orixá não incorpora nos Terreiros de Umbanda.

A Ibeji não se engana nunca, sob pena de quem o fizer, perder o gosto pela vida, não vendo nenhuma motivação para a alegria e o prazer. Ao lidarmos com Ibeji não podemos esquecer de que estamos em contato com uma energia infantil, a qual não devemos nada prometer se não pudermos cumprir. Ibeji ajuda sempre aos que lhes são simpáticos a troco de nada, no entanto, se prometermos teremos que cumprir. Nota-se a influência de Ibeji no comportamento das pessoas, quando nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram.

Desenhos representando os Erês do Candomblé

A palavra Erê vem do yorubá, ire, que significa ‘brincadeira, divertimento’.  Nos cultos de iniciação do Candomblé, o Erê é de suma importância para os rituais, pois é ele que trará as mensagens do Orixá do iniciado. De acordo com alguns estudiosos, o Erê é definido como o intermediário entre a pessoa e o seu Orixá, é o aflorar da criança que cada um guarda dentro de si; reside no ponto exato entre a consciência da pessoa e a inconsciência do Orixá. É por meio do erê que o Orixá expressa a sua vontade e que o noviço aprende as coisas fundamentais do Candomblé, como as danças e os ritos específicos. Na verdade, é o Erê quem apresenta o ‘filho’ ao seu respectivo Orixá e vice-versa; tanto que no estado de ‘erê’ o iniciado é  mais influenciado por certos aspectos de sua própria personalidade, do que pelo caráter rígido e convencional atribuído ao seu Orixá.

Médiuns incorporados com Crianças, em Terreiro de Umbanda

As Crianças, também chamadas em alguns Terreiros de Umbanda por Ibejada e Dois-Dois, são Entidades que representam ao Orixá Ibeji. Por terem tido vida material, e, algumas desencarnadas ainda em tenra idade, encontram na Umbanda o espaço para se manifestarem, com a intenção de trabalhar curas emocionais. É sabido também, que algumas ibejadas, nunca tiveram encarnadas em nosso plano, são chamadas de "encantadas", apesar de raras, sabe-se de suas manifestações em alguns Terreiros de Umbanda. Nada tem a ver com os Erês do Candomblé, a não ser o gosto pelas brincadeiras e a missão de espalhar alegria e esperança. São muito respeitadas no meio Umbandista, tanto pelos seus seguidores como pelos Caboclos e Preto-Velhos. Pois se sabe de que uma ‘mandinga’ feita por Criança, nenhuma outra Entidade desfaz; enquanto Ela, tem o poder de desfazer qualquer ‘mandinga’. Agradar e respeitar as Crianças é obrigação de todo Umbandista, caso contrário, poderá trazer para sua vida quizilas e mazelas que só Elas tem o poder de desfazer.

Estão agrupadas em falanges, de onde a tudo vigiam e de tudo dão conta. Ficam muito felizes quando seus seguidores buscam agradar as crianças e aos idosos encarnados. 

Suas cores são azul e rosa. Mas na verdade, adoram todas as cores. 

Seu dia festivo é 27 de Setembro.

Seu dia na semana é o domingo, dia de lazer e descontração.

Brinquedos, doces e balas não podem faltar em suas oferendas.


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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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