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Foto do escritorLuiz de Miranda

CUMEEIRA: A SUSTENTAÇÃO DO AXÉ


Cumeeira escrita Deus Existe

Desconhecida em algumas Casas de Umbanda, herdeiras da doutrina do Caboclo das Sete Encruzilhadas, de Zélio Fernandino de Moraes, e cultuadas em outras, descendentes da macumba carioca e do catimbó, a cumeeira é considerada o maior ponto de força de um Terreiro.

        Enquanto o Altar do Terreiro (Congá) é o ponto de louvação e adoração, a cumeeira é o ponto de ligação entre o Orun (Céu) e o Ayê (Terra). Não esquecendo do Peji (parte debaixo do Congá) que ficam assentamentos e firmezas dos Orixás da Casa. Em alguns casos, até por falta de espaço devido, usa-se o Peji para guardar      (e não assentar) firmezas de axés de filhos de santo. No entanto, sob o assoalho do Peji, já deve ter sido feita a firmeza do Orixá ou Entidade chefe da Mesa de Santo.

        Na cumeeira, quando levantada, é plantado no chão os axés e firmezas do Orixá do sacerdote da Casa. Feito todo ritual, agora é a hora de consagrar o alto da cumeeira a um outro Orixá, que será escolhido através do jogo de búzios ou por indicação do Guia Chefe. Esse espaço agora passa a ser sagrado: enquanto o assentamento enterrado no chão é considerado o centro do mundo; o alto da cumeeira representa o Orun, e assim, as forças dos Orixás se encontram com os seus filhos, garantindo segurança para todos que frequentam a Casa.

        Como podemos observar, a cumeeira é o ponto maior de axé de um Terreiro. É ela que vai garantir a segurança nos trabalhos e cultos, e principalmente, a sua continuação, garantindo a sucessão para os herdeiros da Casa e também permitindo a criação de novos Terreiros.

        Lembrando que a cumeeira só pode ser cuidada pelo Sacerdote da casa, ou ainda por alguém de muita confiança dele.

        É sempre de se notar, que em qualquer obrigação para um Filho de Santo, o mesmo é levado para bater a cabeça de corpo deitado, sob a cumeeira. Esse ato representa a obediência, adoração e respeito ao Orixá dono da Casa que o acolheu. A partir desse momento, o Filho de Santo passa a pertencer a comunidade, recebendo todas as orientações devidas, e todo axé que se faz necessário para seu crescimento e aprimoramento.

        A cumeeira é o movimento sagrado que une o divino ao humano, cuidando de cada detalhe para que a ordem das coisas nunca se perca. E assim, que o homem possa se manter conectado com sua essência divina e profana.

        A cumeeira é o Céu na Terra!


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