Diferente das religiões cristãs, onde a mulher é representada pelas figuras de Eva e Maria, deixando clara a posição de submissão, virgindade, abnegação e até mesmo de pecado (no caso de Eva), a Umbanda e religiões de matrizes africanas destacam a mulher como seres imprevisíveis, corajosas, empoderadas e com grande poder de liderança.
Na Umbanda, homens e mulheres caminham lado a lado sem disputas de poder ou qualquer tipo de preconceito, todos têm as mesmas oportunidades, responsabilidades e compromissos. No entanto, é sabido que o lugar da mulher tem um destaque, em razão da sua luta, sofrimentos e conquistas. O homem sempre “reinou” absoluto na formação de uma sociedade patriarcal e machista; enquanto a mulher precisou de séculos de luta para conquistar o seu lugar e se manter nele.
As Mães Orixás (Yabás) cultuadas na Umbanda estiveram sempre à frente das grandes lutas e batalhas: seja para defenderem seus reinos, seja para fazerem valer suas reivindicações e direitos. Apaixonadas e apaixonantes, amadas e amantes, vaidosas, sagazes, impetuosas, corajosas, sensuais, destemidas, provocadoras, empoderadas... comportamentos e personalidades que a religião cristã, através da demonização e de leis cruéis e mortais (decapitação, fogueira, tortura...) de tudo fez para apagar. Não conseguiram!
Nanã Buruquê: a mulher idosa, avó. A que mantém viva a memória das lutas de nossos ancestrais e antepassados,valorizando a importância das tradições e da ética, a que educa com paciência e cobra com austeridade. A Senhora dos pântanos e das chuvas. Aquela que nos ensina que o silêncio por vezes, é a melhor resposta para alcançarmos nossos objetivos.
Oxum: a senhora dos rios e cachoeiras. Mulher vaidosa, Dona do ouro, coquete, detentora dos princípios da fecundidade feminina, protetora das crianças. Mãe do mel, benevolente e doce, acalma os mais conturbados corações, mas guarda no fundo dos seus rios, segredos, que para conhecê-los, há de se ter cuidado: não maltrate seu coração, você pode se afogar. Orixá do amor! Aquela que nos pergunta: onde está o seu tesouro? Você já aprendeu a se amar?
Iansã: rainha das tempestades, raios e ventanias. Guerreira por excelência, determinada, corajosa, alegre, impetuosa. Aquela que é capaz de se transformar num búfalo, mas também pode ser uma borboleta; tudo vai depender da ocasião e de como ela é tratada. Aquela que faz da vida um grande acontecimento, e ai de quem quiser parar Iansã! É ela que nos pergunta: você é livre?
Iemanjá: a mãe de todos, a Rainha do mar. Mãe da vida que sustenta seus filhos e por eles luta destemidamente. A Senhora da família, aquela que zela para a harmonia dos lares; o colo que acalma, o canto que faz dormir. É ela que nos diz: mar calmo não faz marinheiro hábil.
No que diz respeito aos cultos às Entidades, vê-se na Umbanda a falange das Caboclas, representando o arquétipo das mulheres que respeitando suas tradições e costumes, além de criarem seus filhos, não deixam de empunhar suas lanças, arcos e flechas e garantirem, desta forma, o sustento e a proteção às suas tribos. E são elas que nos dizem: respeitar as tradições não é se submeter a velhos e retrógrados hábitos.
Quanto as Pombagiras, observa-se a mulher que apesar dos preconceitos e ataques que sofreram e ainda sofrem, não desistem de acreditar em si mesmas, construindo a cada dia uma história de superação, coragem , liberdade e empoderamento, valorizando a importância da mulher na sociedade. Aquela que aceita as rosas com espinhos e nela segura sem se machucar. É ela que nos diz: não maltrate um coração de uma mulher, você vai pagar.
E assim, a Umbanda mostra ao mundo a grande força da mulher!
SARAVÁ O DIA 08 DE MARÇO: DIA INTERNACIONAL DA MULHER!
respeitar as tradições não é se submeter a velhos e retrógrados hábitos.
Está frase eu vou guardar para a vida.
Que texto lindo. Parabéns