São muitas as maneiras que várias religiões tratam esse tema ainda tão cheio de tabus e mistérios.
No entanto, na Umbanda, a morte é vista de uma maneira natural, um processo necessário para que a vida possa seguir seu curso. Como ensina Nanã Buruquê, é a morte que gera a vida. A morte e a vida andam juntas, e uma é consequência da outra. Não há vida se não houver morte.
Por vezes, o temor da morte se dá por consequência de lembranças de ensinamentos recebidos desde a infância, onde se entendia a morte como um castigo pelo pecado original. Para os Umbandistas tal afirmação não faz sentido, considerando que o pecado não existe no vocabulário umbandista. No entanto, as transgressões às leis naturais da vida, como matar, roubar, enganar, ludibriar, prejudicar um semelhante...; são faltas graves, desvio de caráter, que obriga a quem as pratica se redimirem nessa ou em outra reencarnação. Ninguém fica devendo nada pra vida. Àqueles que têm seus débitos, mais cedo ou mais tarde, terão que saldá-los. Talvez seja essa uma das razões de algumas pessoas temerem tanto a morte: o medo de enfrentarem as consequências de seus maus-atos.
Por outro lado, o apego exagerado aos bens e prazeres materiais, provocam, igualmente, o medo da morte. Essas pessoas imaginam que ao morrerem deixarão de usufruir dos benefícios que a vida material lhes proporciona. Nesse caso, é importante ressaltar que, na condição de espírito, nada de ordem material mais interessa. Outras riquezas, essas sim, eternas, serão conquistadas. Para isso, é claro, que o espírito desencarnado tenha consciência de que tudo que fazia parte da sua vida em corpo, não se faz mais necessário em espírito. Por isso mesmo, a Umbanda ensina aos seus seguidores a importância de se fazer o bem em cada segundo vivido neste planeta, para que então a morte não seja nada mais e nada menos do que a certeza de uma missão cumprida.
Morrer é a possibilidade de se manter vivo, quando o corpo que se ocupa não mais suporta o aprisionamento.
Morrer é se despedir de um corpo, não da vida.
A vida precisa da morte para se manter; enquanto a morte só existe porque há vida.
A morte é inevitável. A vida também.
A morte faz chorar. A vida também.
A morte é a alegria do espírito. A vida (se bem vivida) é a alegria da alma (espírito reencarnado).
Uma não se separa da outra. Caso ocorresse tal fato, ambas perderiam o sentido.
Viva por hoje, só por hoje, e dê o melhor de si em todos os sentidos. E fique certo, se assim o fizer, que a morte não passará de um instante, de um descanso, de um intervalo.
Se sentir vontade de chorar por alguém que partiu, chore. Afinal, se despedir de alguém que se ama, dói. Mas, lembre-se: é só um intervalo. Vocês estarão juntos de novo.
E não se esqueça: viva como quem vai morrer um dia.
“O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo.” Leon Tolstói
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