A CARIDADE NA UMBANDA
Muitos falam em prática da caridade, mas desconhecem o seu verdadeiro sentido. Não são poucos os que aparecem distribuindo cestas básicas, doando roupas, calçados, alimentos e toda sorte de bens materiais. Sim, não deixa de ser um ato de bondade, mas não necessariamente de caridade. A caridade vai além dessas atitudes e requer um esforço de doação muito maior.
Quando você se dispõe a doar algo de ordem material para alguém, na intenção de aliviar por alguns momentos a dificuldade daquele irmão, você está sendo bom, praticando um ato de solidariedade e de compaixão que nós podemos chamar de caridade material, uma forma de levar alívio e consolo naquele momento tão difícil. Isso é divino quando feito com o coração e de forma incondicional, sem querer nada em troca. Sim, traz alívio pra alma e sensação de bem estar. Mas, repito: a caridade vai muito além dessas atitudes. Paulo de Tarso, apóstolo de Jesus, define a caridade de forma objetiva e profunda: “Caridade é o amor em ação.” E é nesse conceito que a Umbanda ensina a prática da caridade mais agradável aos Olhos de Deus. É quando você aprende a ouvir um irmão aflito e confuso, sem interrupções ou julgamentos. É quando você consegue num abraço acolhedor e nas palavras de conforto, transmitir esperança àquele que se encontra em desalento.
A caridade é o amor em ação, quando você, mesmo cansado ou angustiado por seus próprios problemas, permite-se a deixá-los de lado, para atender o amigo que te procura em busca de afeto e compreensão. É buscar nas suas “reservas espirituais” a paciência, a tolerância e a empatia. É doar aquilo que você no momento não tem, mas, busca no seu íntimo os valores espirituais que tem aprendido com seus Guias e Orixás. Agindo assim, você acaba encontrando as respostas para dúvidas que muitas vezes te atordoam, mas, que por pensar só em si, tem dificuldade para percebê-las. Saindo de si mesmo e indo de encontro ao outro que te procura, você acaba sendo também beneficiado pela caridade que praticou.
Quando você consegue proporcionar ao outro uma alegria e dela se comprazer, você está praticando a caridade. É importante entender que a caridade só tem valor quando praticada honesta e sinceramente. De nada adianta forçar-se a um ato de caridade, se sua intenção é receber as dádivas divinas ou o reconhecimento humano. A caridade tem que ser natural, espontânea, incondicional.
Aprendemos na Umbanda que caridade não é moeda de troca, não nos garante a salvação ou o Reino de Deus e muito menos nos faz superiores a quem quer que seja.
Ao ingressarmos num Terreiro de Umbanda, iniciamos uma jornada para dentro de nós mesmos, dando o primeiro passo para o autoconhecimento, peça fundamental para entendermos quem somos, porque somos e qual nosso papel no mundo. Percebemos que cada um de nós tem sua importância, o seu valor, que a caridade é a consequência de tudo que absorvemos através dos conhecimentos adquiridos, que a mudança que tanto esperamos nos outros, acontece primeiro em nós mesmos. É preciso amar para ser caridoso. De outra forma, que não seja o amor, a caridade nada mais é do que uma perversão. Perversão essa que escraviza, limita, engessa e faz de falsos líderes religiosos figuras idolatradas por uma gente carente e desesperançosa.
A Umbanda é o amor em movimento, a caridade na sua excelência, vendo em cada um de seus seguidores pessoas capazes de serem melhores do que são, de se curarem de suas feridas através da cura do espírito, esse sim, imortal e em constante processo de crescimento
Aprendam a amar, para que possam entender e viver os benefícios da caridade.
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